24 de fev. de 2012

Carnaval 2012: A generosidade da madrinha de bateria

Por Antônio Carlos Brunet, Dunga

Érika Minussi, madrinha da bateria da Escola de Samba Gaviões Assisenses
Em teatro, utilizamos um termo, muitas vezes incompreensível à maioria das pessoas, que é quando nos referimos à “generosidade” de um determinado ator ou atriz. Obviamente que todos sabem o que é generosidade. A dificuldade das pessoas, talvez, esteja em encontrar o elo esclarecedor a tal termo, aplicado em contexto tão específico, não conseguindo precisar, concretamente, sua definição com o trabalho apresentado pelo profissional em questão.
Meu preâmbulo é justificado a seguir, quando introduzirei o tema que me trouxe a escrever estas linhas que vocês, agora estão a ler.  Quero aqui tratar do CARNAVAL 2012 de São Francisco de Assis, do qual, com muita honra e prazer, eu fui, uma vez mais, avaliador. Quero na verdade, não falar, pontualmente, do que assisti e presenciei durante as noites em que me deixei encantar, na Praça Independência, pois não estou traçando um diário de bordo para gerações futuras. Quero registrar minha reverência e admiração a uma profissional que, a meu ver, sintetiza em si aquilo que, para mim, significa Carnaval – graça, beleza, alegria, disponibilidade, profissionalismo e, sobretudo, generosidade. Estou falando aqui da Madrinha da Bateria da Escola de Samba Gaviões Assisenses - Érika Minussi.

Ela nos magnetiza. A partir do momento em que ela coloca os pés na avenida, tudo se transforma. Ela, então, nos mostra, como uma verdadeira artista, a que veio. Sua entrega, sua paixão, seu prazer é completo e insofismável. Não a conheço pessoalmente e sinto-me como se dela fora íntimo desde sempre. Graças à sua GENEROSIDADE – aquele estado de espírito onde os verdadeiros artistas conseguem, concentrando sua energia com o objetivo claro de encantar seu público, através do domínio completo de suas atribuições técnicas, entrega-se por completo, sem pudores, não escondendo o jogo, como se costuma dizer – ela consegue atingir o ponto certo da virada, aquele recanto escuro, onde só os iniciados conseguem chegar e transformar seu cotidiano - doloroso às vezes - em arte. 

Por sua disponibilidade, ela abre passagem aos deuses do Olimpo. Temos, através dela, contato direto com Dioniso, ou Baco, como preferirem. Graças à ponte que ela estabelece com estes seres mitológicos, em sua volta tudo é beleza, tudo é graça, tudo é alegria, tudo é carnaval. E, é esse poder transformador; essa fé inabalável naquilo que faz; essa energia contagiante que ela nos transmite, que fazem dela uma profissional de primeira grandeza, na arte de nos trazer felicidade e que, creio, deveria ser motivo de reflexão, a todos envolvidos no evento. Ela chama para si a responsabilidade da alegria e consegue. Sua postura é altiva (sem ser, em momento algum, arrogante), de cabeça erguida, com um sorriso estampado no rosto, ciente de estar fazendo aquilo que deve fazer e sabe que está fazendo bem. 

E isto tudo, foi provado e comprovado por ela, na noite de terça-feira, quando sua Escola voltou à avenida e ela, com um pé visivelmente machucado (fazendo uso de uma tornozeleira elástica) manteve-se firme e inabalável em cima dos seus saltos altos, mostrando a todos nós que, para um verdadeiro artista, o show tem que continuar...
Eu só lamento não haver no Regulamento do Carnaval (fica já uma sugestão para os próximos anos) uma cláusula que abra a possibilidade de os Jurados (Avaliadores) outorgarem (ou não) um PRÊMIO ESPECIAL DO JÚRI, quando necessário for, e para que não se deixe passar em brancas nuvens, destaques da maior importância como é o caso deste sobre o qual agora me atenho.

De qualquer maneira, eu, do alto de minha soberba, bato cabeça para Érika Minussi, cuja atitude deveria ser seguida por todos aqueles que (sejam em que área for), desejarem se realizar e viver de bem com aquilo que escolheram fazer, a despeito de todas as adversidades. Para mim, ela é o símbolo, a síntese, o totem do carnaval (não do nosso, mas de todos), o espelho onde todos os que tiverem a pretensão de pisar na avenida, como carnavalescos, deveriam se mirar.



Antonio Carlos Brunet, Dunga 
Jurado do Carnaval 2012, São Francisco de Assis.

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